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Fórum Econômico Mundial 2025 aborda inteligência artificial, sustentabilidade e geopolítica 

6 de março de 2025
Ambipar Insights

O Fórum Econômico Mundial deste ano, que aconteceu em Davos, Suíça, apresentou uma programação abrangente, organizada em cinco macrotemas principais: reconstruindo a confiança, reimaginando o crescimento, investindo em pessoas, protegendo o planeta e indústrias na era da inteligência. Os debates foram interconectados, com temas como inteligência artificial (IA) permeando praticamente todas as discussões.  

A pluralidade de ideias e perspectivas revelou tendências para o futuro, incluindo um foco na crescente rivalidade geopolítica entre Estados Unidos e China. O cientista político Graham Allison trouxe à tona o “Dilema de Tucídides”, que sugere que ascensões rápidas de poder levam a conflitos inevitáveis. Segundo ele, um conflito entre EUA e China nos próximos dois séculos é uma possibilidade real, opinião compartilhada por seu amigo e ex-conselheiro diplomático Henry Kissinger. Apesar desse cenário, Allison apontou para uma potencial melhora nas relações entre as duas potências nos próximos dois anos, sugerindo um período de maior estabilidade diplomática.  

No campo da sustentabilidade e ESG, as discussões enfatizaram a necessidade de uma transição energética equilibrada, que respeite a segurança energética global. Representantes de governos e empresas destacaram os avanços na economia de baixo carbono, reforçando a importância de políticas estruturadas para acelerar essa transição. O setor de minerais essenciais também teve destaque, especialmente em relação à África, que detém cerca de 30% dos minerais críticos para energia limpa. Essa realidade contrasta com o fato de que 600 milhões de africanos ainda não têm acesso à eletricidade, evidenciando a necessidade de investimentos e estratégias para o desenvolvimento sustentável do continente.  

Os participantes também discutiram a política ambiental do presidente Donald Trump, gerando opiniões divergentes. Alguns enxergaram a situação como uma oportunidade para empresas e novos mercados se consolidarem na agenda verde, enquanto outros consideraram a nova abordagem um retrocesso nos avanços rumo à economia de baixo carbono. O Fórum evidenciou um consenso sobre a necessidade de manter o foco na sustentabilidade, mesmo diante de mudanças políticas que possam impactar a governança climática global.  

Um dos painéis de destaque foi dedicado à COP30, que será sediada em Belém, no Brasil. Segundo o governador do Pará, Helder Barbalho, o evento terá como tema central a precificação do carbono e a valorização das florestas tropicais, consolidando o Brasil como um possível líder ambiental global, ao alinhar sustentabilidade e desenvolvimento econômico. Além disso, a COP30 marcará os 10 anos do Acordo de Paris, possibilitando uma avaliação dos avanços conquistados e a definição de novos cenários para o futuro.  

A inteligência artificial (IA) foi um tema recorrente em praticamente todos os macrotemas do evento, abordando desde avanços tecnológicos até questões geopolíticas. Seu impacto já é evidente em setores como finanças, operações e marketing, além de aplicações ambientais, como previsibilidade climática e criação de cenários sustentáveis. No entanto, os debates mais intensos giraram em torno da ética e governança da IA. Um dos momentos mais marcantes foi o embate entre Andrew Ng, um dos principais cientistas e empreendedores do setor, e Yoshua Bengio, um dos pioneiros da IA. Enquanto Andrew argumentou que ainda há um longo caminho para a IA atingir seu potencial máximo e que os investimentos deveriam ser acelerados, Yoshua alertou para os riscos de um desenvolvimento sem controle, destacando possíveis efeitos colaterais.  

O consenso geral foi que a IA terá um papel cada vez mais central na sociedade, mas que a governança será um desafio crucial, tanto para o setor privado quanto para os governos. Yoshua também ressaltou a disputa tecnológica entre EUA e China, uma verdadeira corrida pelo domínio da inteligência artificial, que pode redefinir a geopolítica global.  

No campo econômico, economistas-chefes alertaram para uma tendência de enfraquecimento da economia global. As projeções indicam baixo crescimento na Europa e desaceleração na China, enquanto os EUA devem manter um desempenho sólido no curto prazo. No entanto, fatores como fragmentação comercial e políticas protecionistas podem representar riscos significativos. A América do Sul segue enfrentando desafios, principalmente devido à dependência de commodities e instabilidade fiscal. O crescimento econômico, de maneira geral, está se tornando cada vez mais regionalizado.  

O envelhecimento populacional nos países desenvolvidos reforça a dependência da imigração para manter a força de trabalho. Nos EUA, por exemplo, 90% do crescimento da força de trabalho nos últimos cinco anos veio de imigrantes. Enquanto isso, a África, com sua população jovem, tem potencial para se tornar um hub global de talentos, mas ainda enfrenta desafios estruturais. A atual escassez de talentos no Ocidente e a superabundância no Sul Global criam um descompasso estrutural no mercado de trabalho. A solução para esse dilema passa pela qualificação da força de trabalho e pelo fortalecimento de hubs tecnológicos em regiões emergentes, garantindo uma redistribuição mais equilibrada de oportunidades econômicas.  

O Fórum Econômico Mundial de Davos 2025 deixou evidente que o futuro global dependerá da capacidade de equilibrar crescimento econômico, inovação tecnológica e sustentabilidade, em um cenário geopolítico cada vez mais instável. A reconstrução da confiança entre nações e setores produtivos exigirá uma governança mais transparente e colaborativa, especialmente diante da ascensão da inteligência artificial e das profundas transformações no mercado de trabalho.  

O crescimento econômico precisa ser reimaginado para garantir uma prosperidade inclusiva, enquanto a transição energética deve ser acelerada sem comprometer o desenvolvimento social. A interdependência entre esses fatores reforça que soluções fragmentadas não serão eficazes — o sucesso dependerá da cooperação global, de políticas públicas sólidas e do compromisso das empresas em adotar modelos mais responsáveis e resilientes.  

Diante de desafios complexos, Davos 2025 trouxe uma mensagem clara: a próxima década será moldada por aqueles que conseguirem alinhar progresso tecnológico, equidade e sustentabilidade de forma integrada e estratégica.  

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