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Guerra e pandemia pressionam mercados para fazer ESG sair do papel 

Sigla tem aparecido cada vez mais em debates da sociedade, mas ainda falta força para ser implementada nas organizações

22 de setembro de 2022
Bravo ESG

Até 2030 o Brasil tem diversas metas de ESG para serem cumpridas e o mercado sofre “pressão” para que as empresas se atentem a uma agenda cada vez mais sustentável. As tendências e discussões estão aí, mas será que estamos saindo do discurso para a prática? O que é preciso, afinal, para uma empresa iniciar o seu processo nesse mundo de ESG? A verdade é que ainda falta conhecimento até mesmo sobre o que a sigla significa e as formas que as práticas podem ser utilizadas nos negócios. 

“Sabendo que todos estão no começo da jornada de transformação, ainda estamos em uma dinâmica de tentativa e erro. Há uma necessidade real de educação e conscientização sobre os temas mais críticos do mercado de uma forma geral e o investimento para o plano de ação sair do papel”, afirma Maria Silvia Monteiro, Head de ESG da Bravo, empresa pioneira em tecnologia e consultoria especializada na implementação e oferta de soluções de Governança, Riscos, Compliance e ESG. Ainda hoje muitas organizações não relacionam a sustentabilidade com a longevidade dos negócios e outras não sabem definir a qual área interna o ESG deve se reportar. 

A questão da agenda ESG é tão profunda que tem movimentado todos os mercados e segmentos. De acordo com um levantamento publicado pela própria Bravo Research, braço de Insights e Inteligência da Bravo, 74% das empresas apontam a faixa de investimentos entre R$ 50 mil e R$ 300 mil como um possível orçamento para esta temática, enquanto 14% objetivam investir mais de R$ 600 mil, e 8% acima de R$ 1 milhão, e ainda, 56% das empresas pretendem contratar serviços de consultorias nos próximos dois anos. No entanto, 54% deles não possuem nem uma área dedicada ao ESG, e ainda há uma parcela de 63% que não souberam quantificar a pretensão de investimentos. 

A especialista chama a atenção para o fato de vermos críticas e julgamentos vorazes pelo baixo nível dessa maturidade nas empresas. Para ela, o lema é aprender enquanto se faz. “A empresa precisa se direcionar para dentro com o compromisso de olhar para o que o contexto externo apresenta. A maioria de nós está aprendendo. Não é demérito não ter ESG implementado. É algo novo e poucos sabem o que significa, para que serve e, principalmente, como podem dar os primeiros passos para esta direção”, analisa. Para iniciar essa jornada, no entanto, é preciso ter autoconhecimento e escuta ativa sobre os problemas da sociedade, identificar o grau de disponibilidades dos líderes em tratar do tema – pois eles são peças-chaves para fazer a ideia sair do papel – e a compreensão de riscos e oportunidades que impactam diretamente a sustentabilidade financeira e a solidez de uma reputação da empresa. O que muitas vezes, segundo ela, acontece somente quando somos forçados a mudar. 

Maria Silvia destaca o cenário atual da Guerra na Ucrânia em um mundo pós-pandêmico. Enquanto a Covid-19 permitiu ao ser humano ser mais vulnerável e o obrigou a tratar e se envolver com temas crônicos do coletivo e do planeta, o conflito armado mostrou que a humanidade é rigorosamente interdependente, o que sinaliza que todos os países precisam ter a agenda ESG em dia para diminuir os impactos negativos. “Vamos analisar números de quanto a população mundial empobreceu e passou fome com a economia totalmente interdependente. Como cada país pode tratar temas crônicos da pobreza de forma a garantir sua sobrevivência em momentos de conflito global?”, questiona.  

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