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Como anda a governança das empresas de capital aberto no Brasil?

20 de dezembro de 2021
Bravo Research

Pesquisa realizada pela Bravo Research avalia práticas de riscos, compliance e ESG dentro das organizações

No ano passado, o Brasil testemunhou um “boom” de investidores de pessoa física na B3, a maioria jovens, entre 25 e 39 anos, da região sudeste do país, e com valores mais baixos de aplicação em renda variável. No primeiro semestre deste ano, o número de contas dos investidores individuais disparou 43%, com uma média de R$ 10 mil aplicados. A pergunta que fica, no entanto, é se os mesmos se atentam às ações de governança corporativa. Afinal, como anda a governança das empresas de capital aberto no Brasil? 

É o que busca retratar uma pesquisa realizada pela Bravo Research, braço de Insights e Inteligência da Bravo GRC, consultoria em tecnologia especializada em Governança, Riscos, Compliance e ESG. O total de empresas que submeteram o Informe de Governança da B3 cresceu exponencialmente entre 2019 e 2020 com uma alta de 2340%, e de 2020 para 2021, mais 16.4%, totalizando 426 empresas. “A partir desta avaliação com base na captura de informações para o nosso Big Data, conseguimos ter uma visão e indicativos da estrutura da governança, não apenas o que é declarado pelas empresas, mas principalmente o que está baseado em dados capturados de forma independente”, afirma Claudinei Elias, CEO Fundador da Bravo GRC. 

Um dos tópicos do estudo traz informações sobre o Conselho Administrativo, detalhando que em 90% das organizações analisadas, o diretor-presidente não deve acumular o cargo de presidente do conselho de administração, e para 87% a remuneração dos membros deve ser proporcional às atribuições, responsabilidades e demanda de tempo, porém apenas 47% têm um processo anual de avaliação de desempenho do conselho de administração e de seus comitês. Um outro fator que chama a atenção, é que somente 35% respondeu que o conselho deve definir as estratégias de negócios, considerando os impactos das atividades da companhia na sociedade e no meio ambiente, visando a perenidade da companhia e a criação de valor no longo prazo. 

Outro dado que se destaca é que 20% acreditam que a companhia não necessita adotar uma política de gerenciamento de riscos aprovada pelo conselho administrativo, ou por não possuírem uma política formal, ou por terem outros processos e mecanismos de avaliação, pelo porte da empresa ou até porque o gerenciamento de riscos fica a cargo da Diretoria. “Todas essas informações mostram que ainda não há uma política clara e bem estabelecida, no âmbito institucional e empresarial, de compliance. Não há uma normativa bem definida de um conjunto de disciplinas que levem em consideração ainda riscos e práticas de ESG dentro das empresas de capital aberto”, completa Elias.  

Algumas justificativas apontadas são as de que as companhias estão em um processo de políticas internas para a construção desse gerenciamento, políticas estas que envolvem a supervisão do comitê de riscos, auditoria e compliance, onde já foram mapeados os principais riscos e impactos, além é claro, de seguirem um modelo de práticas do mercado. Na linha para a gestão de riscos, outro dado que chama atenção é que uma das práticas menos adotadas pelas empresas é a da auditoria interna estar vinculada diretamente ao conselho da administração, o que garante assim sua independência – somente 34% delas.   

“Ter visibilidade de como as empresas estão respondendo às questões das exigências em governança traz uma compreensão maior sobre a sua gestão e sobre como são tratadas e priorizadas questões de interesse dos acionistas, como resultados e riscos”, destaca Suelen Silva, head de Research da Bravo GRC, que liderou a pesquisa sobre a maturidade da governança em empresas de capital aberto. Segundo a executiva, observar e compreender esses movimentos traz uma melhor avaliação e projeção dos investimentos realizados nas empresas de capital aberto. “O objetivo é acompanhar de perto o impacto da CMV 586 na governança corporativa. Observar  como as empresas vão responder a estas exigências, priorizar a transparência e o que for importante para tomada de decisão do investidor”, conclui Suelen. 

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