No ano passado, durante a COP-26 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), o Brasil assumiu o compromisso de mitigar 50% das suas emissões de gases de efeito estufa até 2030. Agora tivemos a COP-27, que aconteceu entre os dias 6 e 18 de novembro, onde representantes de diversos países se reuniram em Sarm-El-Sheikh, no Egito, e debateram sobre metas e ações em relação às mudanças climáticas. O intuito também deste ano é resolver os detalhes da implementação do mercado regulado de créditos de carbono, fechando assim, o livro de regras.
O Brasil, assim como o mundo, necessita realinhar estratégias para atingir o cumprimento das metas, uma vez que estamos longe do cenário desejado. Em plenas portas de COP-27, um estudo recente elaborado pela KPMG mostrou que, com os desafios da economia, as questões ambientais de médio prazo estão sendo suprimidas para conter a estabilidade econômica de curto prazo. Oito em cada dez CEOs acreditam numa recessão nos próximos 12 meses. Uma entrevista com 1.325 executivos-chefes de todos os setores e países, revelou também que cerca de metade desses CEOs está pausando ou repensando seus esforços em ESG existentes ou planejados para os próximos meses – um panorama distante do slogan deste ano, “juntos para a implementação”.
Para Claudinei Elias, CEO e Fundador da Bravo, empresa pioneira em tecnologia e consultoria especializada na implementação e oferta de soluções de Governança, Riscos, Compliance e ESG, a COP-27 é mais uma oportunidade das empresas reavaliarem seus próprios desafios. “A grande questão é o olhar do longo para o curto prazo. O mercado ainda leva a precificação dos seus ativos medindo risco x retorno, e vem fazendo isso a cada trimestre. Há uma cobrança de muitos shareholders que carecem de visão de stakeholders. Em curso, estão grandes mudanças que trarão uma necessidade de olharmos risco x retorno x impacto, e algumas vezes o impacto não será medido apenas com ênfase em retorno financeiros, mas também olhando o retorno que o negócio leva ao planeta e à sociedade, ou seja, pensando e atuando sobre o impacto gerado. Trata-se de uma mudança de paradigma que está em curso”, ressalta Elias.
Existem alguns pontos necessários de atenção como: recursos em países subdesenvolvidos, metas de redução de gases, dados sobre temperaturas mais altas ao mesmo tempo, nos mesmos locais e repetidas vezes. Durante a COP-26, por exemplo, o setor privado firmou o posicionamento de “Empresários pelo clima”, do Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável. “Se por um lado, temos o levantamento dessas questões, por outro temos ainda muito caminho a percorrer. É preciso colocar as empresas na posição de autonomia para essas mudanças, analisar as vulnerabilidades de cada uma e definir as implementações de ações que estejam alinhadas às expectativas de apelo dessa conferência”, ressalta Elias.
Todo ano, o novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês) faz a análise das vulnerabilidades, capacidades, e os limites que a sociedade tem em se adaptar às mudanças climáticas. Em maio deste ano, a Bravo passou a incorporar o Selo Sustentabilidade Tesouro Verde, um certificado capaz de rastrear a área preservada à pegada ambiental da própria companhia, e assim remunerar a comunidade local das áreas preservadas pela conservação. Essa solução tecnológica, uma das 18 selecionadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) como iniciativa de solução para a mudança climática durante a COP-26, é fornecida pelo Grupo BMV (Brasil Mata Viva), para que as empresas se adequem aos critérios do ESG.
São medidas assim que mostram que exemplos de maximização de receitas e incentivos aos investidores passem a ser considerados uma tese de investimento. Além disso, a Bravo passou a fazer parte do Pacto Global, se comprometendo a reportar anualmente o progresso em relação aos 10 princípios. “Queremos que as pessoas visualizem essas medidas e incorporem como algo natural e não simbólico, pois só estimulando as práticas de sustentabilidade de fato que conseguimos fazer isso acontecer e gerar impacto genuíno”, finaliza Claudinei.
30 de novembro de 2022