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Chegamos a 1,6 grau em 2024. E agora?  

27 de fevereiro de 2025
Claudinei Elias, CEO da Ambipar ESG

No ano passado, alcançamos um marco alarmante: a temperatura média global aumentou em 1,6 grau, ultrapassando o limite de 1,5 grau estabelecido no Acordo de Paris como “limite seguro” das mudanças climáticas. Esse dado ressalta a necessidade de ações imediatas e de uma transformação na forma como pensamos e agimos frente ao desafio climático. A gravidade da situação fica ainda mais evidente no Global Risks Report 2025 do World Economic Forum (WEF), que classifica a mudança climática entre os principais riscos globais, reforçando a natureza crítica e transversal desse desafio. 

Embora o aumento das temperaturas venha se acentuando desde a década de 1980, a ultrapassagem do marco de 1,5 grau evidencia a iminência de riscos graves e irreversíveis, previstos para ocorrer com maior intensidade a partir dos 2 graus de aquecimento. 

O atual cenário exige que as empresas ajam rapidamente para mitigar os impactos das mudanças climáticas e reorientar suas estratégias, garantindo resiliência de longo prazo. Eventos climáticos extremos mais frequentes, perdas significativas na agricultura, infraestrutura urbana e ecossistemas naturais já são realidade. Além disso, questões de responsabilidade corporativa ganham cada vez mais peso, tanto do ponto de vista legal quanto reputacional. 

Diante de riscos físicos, de transição e regulatórios, reagir não basta: é preciso governar o tema climático de forma integrada, estratégica e alinhada às melhores práticas de ESG (Ambiental, Social e Governança). É nesse contexto que o conceito de Governança Climática se torna fundamental, ou seja, precisamos definir uma abordagem estruturada, dentro da alta liderança e do Conselho de Administração, para integrar riscos e oportunidades climáticas na estratégia e nas decisões corporativas. Além disso, é essencial que as companhias invistam em comitês e processos voltados a avaliar periodicamente a eficiência das ações e sua aderência aos objetivos climáticos. 

Diferentemente da Agenda de Governança Corporativa, que abrange todos os aspectos de governança dentro de organização, a Governança Climática age especificamente na identificação, avaliação e gestão de riscos decorrentes das mudanças climáticas, visando minimizar os impactos negativos e garantir, diante de eventos climáticos, resiliência e continuidade operacional. Por isso, para lidarmos com esse cenário de 1,6 grau, é vital integrar a Governança Climática ao coração da estratégia e da governança das organizações. 

Mais do que somente mitigar, com a Governança Climática é possível transformar os desafios em oportunidades, através de:  

  • Mitigação e adaptação: reduzindo as emissões de carbono e implementando tecnologias limpas, além de desenvolver estratégias de adaptação que fortaleçam cadeias de suprimento e infraestruturas críticas, garantindo a continuidade operacional. 
  • Incorporação de métricas e metas claras: Produzindo relatórios transparentes, que demonstrem o desempenho de suas metas de redução de emissões e outros indicadores climáticos. Também é importante estar com as metas corporativas alinhadas aos compromissos globais, como o Acordo de Paris e os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável). 
  • Engajamento de stakeholders: Através da colaboração com todos os stakeholders, promovendo soluções conjuntas e resilientes, e de iniciativas setoriais. 
  • Avaliação de riscos e oportunidades financeiras: Inserindo o fator climático nos modelos de negócios e nos processos de due diligence de investimentos, fusões e aquisições. Identificar oportunidades de ecossistemas de inovação, geração de créditos de carbono e desenvolvimento de tecnologias verdes, também é fundamental. 

 
Transformar os desafios trazidos pelas mudanças climáticas em oportunidades é possível e só depende de nós, mas é preciso agir agora! Só através de uma governança orientada à sustentabilidade, segurança e resiliência será possível garantir um futuro próspero e equilibrado para as organizações e para o planeta. 

*Artigo de Claudinei Elias, especialista em Governança, Gestão de Riscos e Cibersegurança, CEO da Ambipar ESG. 

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